O que há de novo no Linux 3.1
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Enfim habemus Linux 3.1. Após certo atraso em decorrência da invasão do kernel.org (bem coberto pelo site The H), a nova versão da série 3.x do kernel livre mais famoso da atualidade foi dada à luz no dia 24 de outubro, logo no início do Kernel Summit. No e-mail de lançamento,
Linus Torvalds explicou que, em virtude da demora deste lançamento, a
árvore linux-next — que contém o código para inclusão na próxima versão
estável do kernel — está maior que de costume, o que o levará o a exigir
com mais veemência dos novos códigos a serem incluídos a passagem por
essa árvore. Ou seja, o kernel 3.2 não deve receber novidades
surpreendentes, mas apenas aquelas que já estão no processo normal de
inclusão na linux-next.
Números
A
invasão do kernel.org, site que hospeda boa parte da infra-estrutura
utilizada por Linus e seus braços-direitos, de fato atrapalhou
significativamente o desenvolvimento desse software livre. No curso dos
94 dias entre o lançamento do Linux 3.0 e a disponibilidade desta versão 3.1, o código-fonte hospedado temporariamente no Github assimilou menos commits do que a versão anterior, chegando a um total de 37.098 arquivos que somam mais de 14 milhões de linhas de código (medidos novamente por The H).
Principais novidades
A maior novidade do Linux 3.1 é o suporte a uma nova arquitetura de processadores, a OpenRISC, seguidora dos princípios do Software Livre. Já temos alguma torradeira rodando Linux? :)
Praticamente
todas as demais novidades que se sobressaem localizam-se no subsistema
de I/O de blocos: uma nova implementação do protocolo iSCSI para
operação como target, a chegada do gerenciamento de bad blocks ao subsistema md (RAID via software), a ativação das write barriers
por padrão no Ext3 (o Ext4 já o fazia há tempos), avanços na eficiência
do código que grava caches de volta em disco, melhorias no alocador do
slab (área de memória que armazena elementos pequenos) e ganhos de
escalabilidade do VFS (virtual file system). O device mapper passa a permitir o uso do comando discard (compatibilidade com TRIM em discos SSD) em volumes dm-crypt.
No campo dos novos drivers, o Wiimote, controle do console Nintendo Wii, agora pode ser usado via bluetooth no Linux.
Virtualização
Se
a capacidade de operar como Dom0 do Xen trouxe muita felicidade aos
usuários desse sistema de virtualização, certamente o novo suporte a pass through de dispositivos PCI e PCIe será recebido com festa.
Já
no campo do KVM, começou a ser incluído o recurso de virtualização
aninhada. Com ele, será possível executar máquinas virtuais dentro de máquinas virtuais.
Por enquanto, isso só é possível de forma rudimentar e apenas em CPUs
Intel. O suporte às instruções SVM da AMD será incluído num patch
futuro, certamente antes de o recurso se tornar efetivamente utilizável.
Redes
As redes NFC (Near-Field Communication)
já estão presentes em alguns smartphones e ganharão muito mais presença
em breve. O objetivo de seus proponentes é que elas sejam usadas
principalmente como plataforma de pagamentos via smartphone em
substituição a cartões de crédito, mas seu uso pode englobar também a
transmissão de informações entre dois telefones. O Linux, em sua
tradição de oferecer suporte a novas tecnologias antes mesmo que elas
estejam disponíveis para o grande público, acaba de receber suporte a
essa nova modalidade de rede.
Na área do wi-fi, o
driver b43 para chips Broadcom passa a oferecer suporte a uma
diversidade muito maior do que anteriormente, praticamente tornando
inúteis os esforços da própria Broadcom de desenvolver um driver livre
para essa mesma família de chips, o brcmsmac.
O netfilter também recebeu atenção. O recurso de ipset, que figurará em breve num "bê-á-bá"
neste blog, agora é capaz de associar IPs e nomes de interfaces de rede
sob um nome arbitrário. Novamente, isto simplificará significativamente
as regras de filtragem de pacotes pelo kernel.
Outro
recurso, a transformação automática de faixas de IP em sub-redes com
máscaras adequadas, também entrou no Linux 3.1, tornando o netfilter
mais inteligente e autônomo.
Energia
O
projeto cpufrequtils foi ultrapassado. Seus desenvolvedores o trocaram
pelo novo cpupowerutils, capaz de realizar benchmarks e expor mais
informações sobre — inclusive monitorar! — os estados de energia das
CPUs. Incluído no código-fonte do kernel, sob o diretório tools/power/cpupower/
, basta conferir o README
para obter as instruções de compilação da nova ferramenta: make ; sudo make install
.
Futuro
Com
o kernel.org aos poucos voltando à operação normal (a primeira página
ainda está desatualizada, mas o FTP contém dados atuais), podemos
esperar um retorno aos prazos comuns de lançamento, o que nos leva ao
Linux 3.2 em meados de dezembro, provavelmente pouco antes dos festejos
de fim de ano.
Entre as novidades esperadas
encontram-se um novo algoritmo para tratamento de congestionamentos TCP —
implementado por um engenheiro do Google e capaz de reduzir a latência
da pilha TCP entre três e dez porcento — e a inclusão do driver wi-fi Ath6kl.
Texto publico em:
Blog do developerWorks - IBM
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